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terça-feira, 23 de novembro de 2010

aos amantes de gatos espaciais


Temple of the Cat
(Ayreon)

"It is the 8th century. I am a Mayan girl heading for the Jaguar Temple in Tikal on the
central American continent."

[Jacqueline Govaert]

Shine down on me, Sun of the Underworld
Set me free, chase away the night
Proud Jaguar, king of the Mayan Gods
Shining star, light up the sky

And guide me to the Temple of the Cat

Heart-of-Sky, Maker and Hurricane
Mighty eye, harvester of life
We were born solely to speak your name
Bring the dawn, we'll praise the sky

Here inside the Temple of the Cat

Upon his throne the High priest addressed the crowd
Now carved in stone his holy name
Beads of jade adorn his cotton shroud
His silvery blade on a golden chain

He lies here in the Temple of the Cat, dead
He will rise again from the Temple of the Cat

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu só queria escrever um poema, mas escrevi uma crítica coluna

Na época em que aprendi a ler, eu assistia a campanha eleitoral de 1998 na televisão pra acompanhar as legendas que apareciam junto às falas dos candidatos. Nerd, eu sei. Era a forma de eu ficar quieta... "vai pra tv, guria!"... ler era uma coisa bem bonita.
E bonitas eram as falas dos "presidentes". Pra começar, todos eram presidentes porque era o que eu entendia da legenda sob seus nomes. E todos falavam bonito. Mas mais bonito, de todos mesmo, eram os "tucanos".
Na minha casa do interior, só funcionavam dois canais - o toze e o zinco. O toze era o canal dos desenhos, do Power Rangers que eu não aguentava mais ver e dos filmes no final da tarde pra assistir tomando chimarrão na frente do fogão à lenha. E, o zinco... bom, o zinco passava DragonBall no sábado de manhã, o tio que cantava e dava dinheiro, e Chaves-Chapolin quando não tinha programação (lê-se, sempre), ou, nessas épocas importantes para a nação, o programa eleitoral gratuito.
E eu achava muito massa. Eles mostravam os lugares que eu nunca ia conhecer (até porque eles eram... cinematográficos?) e falavam de um jeito tão... profissional. Eu achava que os tucanos eram homens poderosos, inteligentes, cultos... e eles sabiam falar a língua portuguesa tão bem! Que queridos! Para mim que estava começando a ler a minha língua materna, aquilo era uma enxurrada de aprendizagem.
Eu me refiro aos tucanos porque tenho a lembrança nítida na minha cabeça de estar sentada na frente da TV, no chão da sala, e dizer pra minha mãe que estava na cozinha: "o Geraldo é tão legal, né?" - o Geraldo, Alckmin, em alguma campanha para a prefeitura de São Paulo. Na verdade, acho que eram todos e quaisquer candidatos, mas principalmente os da direita, que me fascinavam com suas belas camisas de linho azul e discursos filosóficos com muitos números e porcentagens que vinham de não-sei-onde.
Porém, de vez em quando, apareciam presidentes diferentes. Outros, que não pareciam com o Geraldo, eles não tinham falas inteligentes nem cidades grandes e limpas pra mostrar. E eles nunca ganhavam. Eu não entendia porque eles eram presidentes se eles nunca ganhavam. O estranho era que eu nem queria saber. Eu nunca me perguntei por quê eles não ganhavam (e pra mim era sempre ganhar, herança da cultura alemã - wir immer gewinnen!), isso de não ganharem os "esquisitos" pra mim era natural. Eles não falavam direito (eles não sabiam falar português!), eles não se vestiam direito (como um presidente aparecia de camiseta? ele era um presidente!)... era tão estranho ser criança. Eu acreditava em cada coisa... até que um tucano era do bem.
Capa da Veja de 1998.