quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Life is allright on the Rhine

De volta ao quarto, e de volta a janela cuja paisagem decidiu-se pela estaticidade dos prédios intermináveis onde só o que muda de lugar é uma luz que se acende e outra que se apaga. Estranho pensar que embora haja movimento de passagem de pedestres e automóvies ou lotações, veículo de carga levando pessoas sabe se lá pra onde, os prédios não se movem. Fiz um lanche que antecederá a possível noite comemorativa e a impressão do queijo ter caído no chão, logo percebo ter sido o guardanapo pelo movimento demasiadamente mais lento de queda em relação a uma fatia de queijo,e nem preciso saber de física, não, embora aquela memória da faculdade de engenharia e arquitetura permaneça ali, com certeza o melhor cappuccino que já provei, ah sim como a memória está ali, até quando diria Ginzburg, será que nossas memórias tornaram-se HDs? Esqueço o pão na torradeira. Todos os dias é a imensidão dos prédios o que vejo, e paro, paro na janela deixando a vastidão me imergir, lembro das leis de Newton. Porque a diferença da cidade grande é que apesar das todas as gentes que te invadem o espaço todos os dias, é que tu continua sozinho olhando a imensidão da janela. É bom sentir que um porco estampado em uma caneca de porcelana fez alguém sorrir, alguém por quem se tem carinho. Postcards from Italy é o que ouço. Talvez um dia mande cartões postais do Reno também. Talvez a vida seja allright no Reno, talvez os dias sejam meus. Talvez os morangos ainda não tenham mofado na geladeira.

Um comentário:

  1. pequenos porcos em canecas - felizes e estaticamente estampados na porcelana.
    pequenos pedaços de algo que sonhei - só existem nesta tela de cristal líquido;
    porque as janelas fazem o mundo parecer imenso
    às pessoas mais sozinhas.

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