quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Rosa Negra e a serpente
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Life is allright on the Rhine
De volta ao quarto, e de volta a janela cuja paisagem decidiu-se pela estaticidade dos prédios intermináveis onde só o que muda de lugar é uma luz que se acende e outra que se apaga. Estranho pensar que embora haja movimento de passagem de pedestres e automóvies ou lotações, veículo de carga levando pessoas sabe se lá pra onde, os prédios não se movem. Fiz um lanche que antecederá a possível noite comemorativa e a impressão do queijo ter caído no chão, logo percebo ter sido o guardanapo pelo movimento demasiadamente mais lento de queda em relação a uma fatia de queijo,e nem preciso saber de física, não, embora aquela memória da faculdade de engenharia e arquitetura permaneça ali, com certeza o melhor cappuccino que já provei, ah sim como a memória está ali, até quando diria Ginzburg, será que nossas memórias tornaram-se HDs? Esqueço o pão na torradeira. Todos os dias é a imensidão dos prédios o que vejo, e paro, paro na janela deixando a vastidão me imergir, lembro das leis de Newton. Porque a diferença da cidade grande é que apesar das todas as gentes que te invadem o espaço todos os dias, é que tu continua sozinho olhando a imensidão da janela. É bom sentir que um porco estampado em uma caneca de porcelana fez alguém sorrir, alguém por quem se tem carinho. Postcards from Italy é o que ouço. Talvez um dia mande cartões postais do Reno também. Talvez a vida seja allright no Reno, talvez os dias sejam meus. Talvez os morangos ainda não tenham mofado na geladeira.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
releitura freak do Silmarillion
starring
Fabiane C. as country-Yavanna
&
Elfridez da Leña as elfo-arauto-suplicante
terça-feira, 23 de novembro de 2010
aos amantes de gatos espaciais
"It is the 8th century. I am a Mayan girl heading for the Jaguar Temple in Tikal on the
central American continent."
[Jacqueline Govaert]
Shine down on me, Sun of the Underworld
Set me free, chase away the night
Proud Jaguar, king of the Mayan Gods
Shining star, light up the sky
And guide me to the Temple of the Cat
Heart-of-Sky, Maker and Hurricane
Mighty eye, harvester of life
We were born solely to speak your name
Bring the dawn, we'll praise the sky
Here inside the Temple of the Cat
Upon his throne the High priest addressed the crowd
Now carved in stone his holy name
Beads of jade adorn his cotton shroud
His silvery blade on a golden chain
He lies here in the Temple of the Cat, dead
He will rise again from the Temple of the Cat
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
Where is my mind...?
Ooh, stop.
With your feet on the air and your head on the ground,
Try this trick and spin it, (yeah) yeah,
Your head will collapse but there’s nothing in it,
And you’ll ask yourself:
“Where is my mind?” x3
Way out in the water,
See it swimming?
I was swimming in the Caribbean,
Animals were hiding behind the rocks,
Except the little fish,
But they told me this is where it’s gonna talk to me honeybunny:
“Where is my mind?” x3
Way out in the water,
See it swimming?
With your feet on the air and your head on the ground,
Try this trick and spin it, yeah,
Your head will collapse but there’s nothing in it,
And you’ll ask yourself:
“Where is my mind?”
See it swimming?
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Hope Leaves
In the corner beside my window
There hangs a lonely photograph
There is no reason
I'd never notice a memory that could hold me back
There is a wound that's always bleeding
There is a road I'm always walking
And I know you'll never return to this place
Gone through days without talking
There is a comfort in silence
So used to losing all ambition
And struggling to maintain what's left
There is a wound that's always bleeding
There is a road I'm always walking
And I know you'll never return to this place
And once undone, there is only smoke
Burning in my eyes to blind
To cover up what really happened
And force the darkness unto me
sábado, 23 de outubro de 2010
Salvo e longe
e o vento se fez ouvir.
Pode ser que estas não sejam as palavras que devessem estar escancararadas como se nada fossem numa página de letras pretas sobre o branco, mas entre estas margens brancas parece
quem eu queria ser é aquele no meio de todos que de repente sai e some até o dia seguinte sem falar nada, esse que não sabe sobre os
queria eu ser previsível e tributável, comedido, interessado, opaco?
Passando por pessoas que só estão de passagem pelas ruas cinzentas de um dia chuvoso, me pergunto: teriam elas tido tempo para se despedir dos pedaços de si que deixaram por aí
imaginei se as coisas que aconteceram acontecessem hoje se daria certo. Julguei-me salvo longe do lugar de onde fugi – aquele chão de cimento que já não tenho mais sob os pés – mas e por que eu, salvo e longe, ainda sonho todos esses ses?
Eu precisei voltar e ver o quanto estava preso àquele chão de cimento e como sempre estaria.
Mas para ver tive que furar meus olhos, e vi a escuridão e o sangue que ainda fluía quente do coração cansado. do calor do peito veio o azul e a luz do sol e um mundo criado da música.
Tateei pelas pedras com as mãos esfoladas até aprender a enxergar através da escuridão, e era feio por onde andei. mas fora do caminho encontrei as pessoas bonitas que vivem nas sombras.
Voltei para saber dessas coisas. Às vezes é preciso.
Mesmo tendo andado pelos lugares mais imundos, tendo transbordado de vômito as pias mais brancas, tendo visto através de todos que vi,
mesmo esse corpo que passou por tudo isso, que às vezes parece mal servir aos meus anseios por tudo, ainda assim, com esse corpo e essas marcas sou por dentro o que sempre fui – mas não quero mais enxergar através de espelhos – por isso furei meus olhos.
O vento soprava enquanto o espantalho sucumbia esfacelado sobre o campo invernal.
O Japão continua o mesmo
MAS A VERDADE É QUE ELES GOSTAM DE PASSAR ESSA IMAGEM AO MUNDO E É VERDADE: LÁ NO JAPÃO É TUDO ASSIM
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Eu só queria escrever um poema, mas escrevi uma crítica coluna
E bonitas eram as falas dos "presidentes". Pra começar, todos eram presidentes porque era o que eu entendia da legenda sob seus nomes. E todos falavam bonito. Mas mais bonito, de todos mesmo, eram os "tucanos".
Na minha casa do interior, só funcionavam dois canais - o toze e o zinco. O toze era o canal dos desenhos, do Power Rangers que eu não aguentava mais ver e dos filmes no final da tarde pra assistir tomando chimarrão na frente do fogão à lenha. E, o zinco... bom, o zinco passava DragonBall no sábado de manhã, o tio que cantava e dava dinheiro, e Chaves-Chapolin quando não tinha programação (lê-se, sempre), ou, nessas épocas importantes para a nação, o programa eleitoral gratuito.
E eu achava muito massa. Eles mostravam os lugares que eu nunca ia conhecer (até porque eles eram... cinematográficos?) e falavam de um jeito tão... profissional. Eu achava que os tucanos eram homens poderosos, inteligentes, cultos... e eles sabiam falar a língua portuguesa tão bem! Que queridos! Para mim que estava começando a ler a minha língua materna, aquilo era uma enxurrada de aprendizagem.
Eu me refiro aos tucanos porque tenho a lembrança nítida na minha cabeça de estar sentada na frente da TV, no chão da sala, e dizer pra minha mãe que estava na cozinha: "o Geraldo é tão legal, né?" - o Geraldo, Alckmin, em alguma campanha para a prefeitura de São Paulo. Na verdade, acho que eram todos e quaisquer candidatos, mas principalmente os da direita, que me fascinavam com suas belas camisas de linho azul e discursos filosóficos com muitos números e porcentagens que vinham de não-sei-onde.
Porém, de vez em quando, apareciam presidentes diferentes. Outros, que não pareciam com o Geraldo, eles não tinham falas inteligentes nem cidades grandes e limpas pra mostrar. E eles nunca ganhavam. Eu não entendia porque eles eram presidentes se eles nunca ganhavam. O estranho era que eu nem queria saber. Eu nunca me perguntei por quê eles não ganhavam (e pra mim era sempre ganhar, herança da cultura alemã - wir immer gewinnen!), isso de não ganharem os "esquisitos" pra mim era natural. Eles não falavam direito (eles não sabiam falar português!), eles não se vestiam direito (como um presidente aparecia de camiseta? ele era um presidente!)... era tão estranho ser criança. Eu acreditava em cada coisa... até que um tucano era do bem.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Agora me pilhei
Don't do anything at all
Go ask Alice
When she's ten feet tall
And if you go chasing rabbits
And you know you're going to fall
Tell 'em a hookah smoking caterpillar
Has given you the call
Call Alice
When she was just small
Get up and tell you where to go
And you've just had some kind of mushroom
And your mind is moving slow
Go ask Alice
I think she'll know
Mundo nerd.
O que acontece se você passar três dias dormindo? descubra
domingo, 10 de outubro de 2010
Sobre o tropa 2...
Os malucos que encontro por aí
Saí do quarto para caçar correndo o tão sonhado líquido que Deus criou de suas lamentações raivosas. imagino-o com uma barba branca criando algo para satisfazer seus desejos. Foi aí que encontrei o primeiro.
Ele estava rindo. A empatia que eu sentia me fez rir também.
"e aí? qual é que é?"
silêncio. ah, achei que ele não queria me contar.
"achei dinheiro no chão."
Seus olhos brilhantes denunciaram a verdade. Ninguém mentiria tão bem com uma expressão tão verdadeira de gringuice satisfeita. Me apavorei. Gritei, extasiada sem tomar extase, apaixonada pela ideia de encontrar dinheiro sem ter que lutar por ele.
"quanto?"
"oitenta conto!"
e foi aí que ele me contou a história dos conto que agora estou contando aqui. Andava pelas ruas na busca interior que os fumantes fazem cada vez que vão buscar cigarros no exterior. Não tinha um real no bolso, apenas o cartão do banco com saldo de três reais irreais e virtuosos.
"quanto é o cigarro avulso?"
"40 centavos"
"passa cartão?"
"só acima de cinco reais, tchê."
Na sua cabeça uma confusão de ideias pensamentos. Não tenho dinheiro. Mas e o cigarro, amigo? Você precisa fumar! O que fazer? o que fazer? putamerda, que desespero... e agora? saiu de casa na madrugada só pra comprar cigarro e não tem como passar cartão que merda! onde posso passar cartão?? será que lá na outra rua eu consigo? acho que sim, lá passa cartão.. putamerda! mas por que eu não trabalho? que desgraça que sou! que decadência! vou parar de fumar! que merda!
Aí, seus olhos miraram o chão numa tentativa de responder a todas as suas perguntas. E, milagrosamente, o dinheiro estava lá! Na frente do caixa do bar mais trash das redondezas. Estava, simplesmente, lá.
A dúvida!
Pego o dinheiro? Será? mas de quem pode ser? nossa! dinheiro no chão, tá ligado? bah, de quem pode ser? sera que pego? que foda! alguém perdeu.. sim, mas daí não vai se ligar que tá aqui... bah, e se eu não pegar vai ficar pros caras do Tropical, mas que merda! bah, vou pegar... também, eu preciso...
Saiu de lá o garoto feliz, mais feliz do que poderia estar. É como se tivesse sido abençoado com as graças de Calipso.
Comprou uma carteira de cigarros em outro bar-aberto-àquela-hora e foi embora pra tomar aquela ceva comigo e contar a história aos amigos. Rima tosca semi-pobre.
Enquanto a energia do dinheiro contagiava os corredores vazios e silenciosos de nossa casa, glamurosos lamentos artísticos de um jovem ator atormentavam as paredes ao lado. o que foi, rapaz?
e a minha simpatia mais uma vez me fazia ouvir choros de algum conhecido desconhecido. Fodido, o rapaz nos contou (a mim e ao sortudo amigo) que passava pela crise existencial mais foda de sua vida. ele foi o segundo.
e eu tentava puxar papo enquanto a felicidade sumia do rosto do amigo do dinheiro pra quebrar o clime de tensão e morte. Ninguém havia morrido, é claro. Ou sim. Depende do ponto de vista.
E esse conhecido me contou de sua dor interior e seu temor em relação aos outros e ao mundo inserido dentro e fora de seu ser. Despercebido, o primeiro ficou de canto no seu canto de escritório da antiga delegacia onde ele era o xerife nos tempos solitários luminosos.
E bêbado de vinho, Dionísio apareceu no quarto. Teatro, vinho e amor. Os gregos eram foda mesmo.
"eu gosto muito de ti, Sabrina"
"obrigada, eu também gosto de ti, amigow"
Elogios são sempre amorosos quando proferidos por aqueles a quem Dionísio abençoa. E à toa, fiquei ouvindo o cara falar de sua vida e eu pensando na amiga que tinha ido dormir e se ela estava bem.
Por fim, apareceu o terceiro maluco, cuja estória é mais pequena mas só porque falei três minutos só com ele.
Aí, mandei todos irem dormir como se eu tivesse algum poder pra isso. Enfim, durmam, queridos foi o que pensei. E eu vim pra cá pra escrever e me perdi nos pensamentos.
Boa noite.
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Já não sei quem é maluco ou não. Pra mim, todos parecem ser agora.
O que faz alguém acordar só pra escovar os dentes na madrugada e depois voltar a dormir?
A Literatura compreende o real e o irreal. Os doidos e os normais, se é que eles existem.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
o sentido da vida
às vezes eu me pergunto porque é que eu sou tão calado e se é mesmo verdade que isso existe.
parece que vocês tão fugindo de mim...
Deus me respondeu.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Os santos loucos e os bobos da corte na Idade Média*
Entre as correntes ascéticas do monaquismo cristão, floresceu, já nos primeiros séculos da Idade Média, a idéia de que o estado da loucura era um dos caminhos que conduziam a Deus. Tal idéia estimulou o surgimento de tradição antiquíssima, reconhecida pela Igreja, do culto aos santos "loucos por amor a Cristo". Diversos cristãos piedosos do Oriente e do Ocidente, movidos por espiritualidade extrema, adotaram a insanidade como regra de vida, assumindo a aparência de rústicos, maltrapilhos e iletrados, agindo como imbecis e idiotas para transcender os conhecimentos e experiências profanas e alcançar a pureza da sabedoria plena.
Os praticantes da "loucura sagrada" nada tinham que ver com doentes mentais. A simulação da estultice pretendia criar um elo de ligação com Cristo, através do qual o místico e asceta pudesse participar de sua pobreza, humildade e abnegação, e sentir-se objeto de escárnio e zombaria como no momento do suplício no Calvário. Em público, o "louco por amor a Cristo" comportava-se como um bufão, um clown, um imbecil, mas, no interior dos recintos sagrados ou na solidão da noite, voltava a ser o homem de prece e meditação. Alguns, rompendo com as coisas do século, isolavam-se em locais ermos (deserto/floresta), passando a viver como "homem selvagem" - outra personificação da ingenuidade e da loucura na tradição medieval.
Nos meios profanos, a loucura (voluntária ou involuntária) também participava dessa espécie de dimensão cômica do sagrado. As aldeias e cidades alimentavam e mantinham seus "idiotas públicos", enquanto, nas cortes aristocráticas, os bobos, vestindo seus trajes característicos de cor verde, vermelha e amarela, empunhando a tradicional clava ou o cetro, seus chapéus cônicos com orelhas de asno (animal tipicamente ridículo), participavam de festas, jantares, e mesmo de cerimônias solenes, divertindo os espectadores com seus malabarismos e suas piadas. Podiam dirigir-se a qualquer um, fazer pilhérias, tecer comentários a respeito de quem quer que fosse, opinar sobre os assuntos discutidos e até revelar os segredos alheios, em tom jocoso ou satírico. Em todos esses ambientes, subsistia a crença de que tais personagens eram capazes de revelar as verdades ocultas e mistérios escondidos sob a aparência do óbvio.
O bobo da corte pretensamente via o que os outros não podiam ver, sabia verbalizar o futuro e conhecia antecipadamente o destino dos homens. Sua posição dentro da corte é interessante, pois ele não costumava ser sensato, comedido ou prudente como todos os demais deveriam ser. As atitudes do bobo revelam comportamento antitético, porém, a ele tudo era permitido e até incentivado. Se algum dos atingidos por suas piadas e acusações reagisse "a sério", estaria se denunciando. Além disso, a função do bufão participava da esfera do jocoso. Como duplo grotesco do rei, todas as palavras proferidas por alguém monstruoso e repulsivo só podiam fazer rir."
(*) trecho do livro Riso, Cultura e Sociedade na Idade Média, de José Rivair Macedo (2000, pp. 133-35)
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
IdeaFixa #17
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Amigows
- Eu joguei fora todos os meus cigarros.
- De novo, Frida?- Sim, e agora não fumarei mais.
- A amizade é coisa estranha. - pensa Manuela - Ela existe mesmo que não se faça nada.