domingo, 24 de abril de 2011

Os chimpanzés, o engodo e a morte*

FELIZ PÁSCOA,
AMIGOS HUMANOS!

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"Um chimpanzé macho adulto estava sozinho na área de ali­mentação quando uma caixa foi aberta eletronicamente, revelan­do a presença de bananas. Neste momento, chegou um segundo chimpanzé. Então o primeiro rapidamente fechou a caixa e afas­tou-se indiferente, olhando como se nada de mais estivesse acon­tecendo. Ele esperou até o intruso partir, e então rapidamente abriu a caixa e apoderou-se das bananas. Porém, ele havia sido enganado. O intruso não havia ido embora mas sim se escondido, e esperava para ver o que estava acontecendo. O pretenso trapa­ceiro havia sido trapaceado. Este é um exemplo convincente de engodo tático.
Observações como esta abrem uma janela para a mente dos chimpanzés. Estes animais evidentemente possuem um grau significativo de consciência reflexiva, uma conclusão que os pesqui­sadores que trabalham com chimpanzés diariamente endossam com entusiasmo. Os chimpanzés exibem um forte sentido de per­cepção na maneira pela qual interagem uns com os outros e com os humanos. Eles são capazes de ler a mente como os humanos o são, mas de modo mais limitado.
Nos humanos, a leitura da mente vai além de simplesmente predizer o que os outros farão sob certas circunstâncias: ela inclui como os outros podem estar se sentindo. Todos nós temos a expe­riência da simpatia, ou empatia, pelos outros quando estes enfren­tam situações que sabemos ser dolorosas ou aflitivas. De modo vicário, experimentamos a angústia dos outros, algumas vezes tão intensamente que chegamos a sofrer dores físicas. A mais pun­gente das experiências vicárias na sociedade humana é o medo da morte, ou simplesmente a percepção da morte, que tem desempe­nhado um papel muito importante na construção de mitologias e religiões. A despeito de sua autopercepção, os chimpanzés no má­ximo parecem intrigados com a morte. Há muitos relatos anedóticos de indivíduos, ou mesmo famílias, aflitas ou desorientadas quando um parente morre. Por exemplo, quando um bebê morre, sua mãe algumas vezes carrega o diminuto corpo a esmo durante alguns dias antes de descartar-se dele. A mãe parece estar experi­mentando uma sensação de aturdimento e não o que chamamos pesar. Mas, como sabê-lo? Mais significativo, talvez, é a falta do que reconheceríamos como simpatia pela mãe despojada por parte dos outros indivíduos. O que quer que a mãe esteja sofren­do, ela sofre sozinha. A limitação dos chimpanzés em ter empatia com os outros estende-se a si próprios como indivíduos: ninguém viu indícios de que os chimpanzés estão cientes de sua própria mortalidade, de uma morte iminente. Mas, novamente, como sabê-lo?"

(*) A origem da espécie humana - Richard Leakey (pg 145)

Um comentário:

  1. Foi, uma bela Páscoa, mas fiquei confusa, imagem síntese: chipanzés ou coelhos? Uma mutação.

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