Não poluirei tua beleza mediterrânea com o meu pseudo-existencialismo-marxismo-de-segunda-mão.
Se você me fala das estrellas e de qualquer coisa de mística com a via láctea, e aponta:
- Ohh... la luna está exatamente sobre nóss.
E eu olhei e era verdade. A lua como um sol noturno resplandecia à pino. E minha cabeça desceu lentamente da lua circunavegando a via láctea, o cinturão e Orion, o rabo de Scopion e estrelinhas sem nome e foi dar nos seus cabelos cheirando a pó e flores selvagens. E meu olhar escorreu pela pele morena-de-sol do teu rosto e desceu pelo pescoço esguio e longo de quadro-de-modgliani. (Nesse momento enlacei minhas mão na sua cintura) e os meus olhos em surpresa e contentamento, como a de um menino, correu as pedrinhas do teu colar e vestiu teu vestido, simples e sujo. E, então, percebi teus seios (acho que suspirei) e depois o teu ventre e terminou nas tuas pernas de colosso-de-rodhes. (acho que você sorriu)
Eu pensei em mim e em você, e na Palestina bombardeada (numa noite como essa) explodindo em esgoto pela rua e mortes de crianças de cinco meses de idade, e velhos octogenários, e moços e moças (talvez, como você e como eu) e homens famintos e mulheres violadas. Com gazes tóxicos e mísseis imprecisos e tanques. Eu pensei: “E Se...”
E o momento do nosso beijo-de-amor se partiu entre a Palestina e o “Se...” eu vi seus olhos de tâmara seca lançados no chão.
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