sábado, 28 de agosto de 2010

Tool

Tool é uma banda tão singular que não dá nem para encaixar em algum estilo - como Queen, Pink Floyd, The Beatles e outras poucas que conhecemos. Me inquieta um pouco o fato de Tool ser tão desconhecido no Brasil, mas também não é surpresa: para mim, Tool é o equivalente musical de David Lynch - freak e perturbador.


São desconhecidos por aqui, mas mundialmente reconhecidos e venerados desde o começo dos anos 1990. Associo-os ao efervescente cenário art rock / avant-garde que começou a se formar na Califórnia em fins da década de 1980 e se alastra até hoje pelos subterrâneos de San Francisco. Dentre os principais nomes do movimento*, destaco o de Mike Patton (vocalista do Faith No More que participou de inúmeros projetos, como Mr. Bungle, Fantômas, Peeping Tom, Mondo Cane, Dan the Automator, Kool Keith, General Patton vs The X-Ecutioners, Team Sleep, Subtle, Rahzel, Amon Tobin, Eyvind Kang, Lovage; fez parcerias com Björk e John Kaada; produziu a trilha sonora de alguns filmes e dublou outros, como I Am Legend; e em 1999 fundou o selo Ipecac Recordings).


> FAMA E OBSCURIDADE

Em 1990, quatro caras formaram uma banda na gangsta city dos Anjos: Maynard James Keenan, Adam Jones, Danny Carey e Paul D'Amour.

>>> Maynard
largou o exército para ingressar no Kendall College of Art and Design (Michigan) e mudou-se mais tarde para Los Angeles, onde conheceria o guitarrista, artista plástico e técnico em efeitos especiais Adam Jones.

Jones <<<
era vizinho do baterista Danny Carey, ao qual foi apresentado por Tom Morello (ex-guitarrista do Audioslave / atual Rage Against The Machine). Adam Jones e Morello haviam tocado juntos em uma banda chamada Electric Sheep.

>>> Carey
se ofereceu para tocar bateria com Maynard e Adam
por indicação de Tom Morello, pois sentia pena dos dois por não terem ninguém para tocar (as pessoas que eles chamavam nunca retornavam ou sequer chegaram a aparecer).

D'Amour <<<
havia se mudado recentemente para LA, onde trabalhou na área de efeitos especiais dos filmes Terminator, Jurassic Park e Predator 2. Estava desistindo de ser músico quando conheceu Adam Jones, que o convidou para ingressar na banda. D'Amour era um excelente baixista de constante mau-humor - o que sempre acabava influenciando suas linhas de composição e encaixou perfeitamente ao teor pretendido pelos outros integrantes.

Era a primeira formação do Tool. O nome é faz referência à evolução através da dor (ou lacrimologia), e suas músicas serviriam como "ferramenta" (tool, em inglês) auxiliar na compreensão de tal evolução.


Undertow, o primeiro álbum não-censurado**, foi lançado em 1993. Algumas lojas trocaram a capa original (uma escultura de Adam Jones que lembra uma espécie de caixa torácica vermelha com costelas em forma de tentáculos) por um código de barras gigante.

Faz parte desse álbum a faixa Prison Sex, cujo clipe (abaixo) foi o primeiro inteiramente dirigido por Adam Jones. Assim, ele começava a forjar o estilo perturbador que marcaria os clipes da banda a partir de então.

1. "Intolerance" – 4:53
2. "Prison Sex" – 4:56
3. "Sober" - 5:06
4. "Bottom" - 7:13
5. "Crawl Away" - 5:29
6. "Swamp Song" - 5:31
7. "Undertow" - 5:21
8. "4°" - 6:02
9. "Flood" - 7:45
10. "Disgustipated" - 15:47




Em 1996, foi lançado Ænima (meu preferido ever). O nome é a junção das palavras anima (termo cunhado por Jung) e enema (inimigo, em inglês). Desde o lançamento de Undertow, boatos de toda sorte cercaram a banda: especulava-se que fossem satanistas e seu vocalista, James Maynard, dado a tendências mórbidas e sadomasoquistas.

Foi durante o processo de composição desse álbum que Paul D'Amour anunciou sua saída do Tool. Logo, seria substituído por Justin Chancellor, do Peach.

1. "Stinkfist" – 5:09
2. "Eulogy" – 8:25
3. "H." – 6:07
4. "Useful Idiot" – 0:38
5. "Forty Six & 2" – 6:02
6. "Message to Harry Manback" – 1:53
7. "Hooker with a Penis" – 4:31
8. "Intermission" – 0:56
9. "jimmy" – 5:22
10. "Die Eier von Satan" – 2:16
11. "Pushit" – 9:55
12. "Cesaro Summability" – 1:26
13. "Ænema" – 6:37
14. "(-) ions" – 3:58
15. "Third Eye" – 13:47

Como não poderia deixar de ser, o lançamento de Ænima esteve cercado por polêmicas e censura. A começar pelo clipe de Stinkfist (abaixo), rejeitado pela MTV sob a alegação de que o título da faixa seria ofensivo demais; após protestos de fãs, o clipe passou a ser exibido com o nome Track #1.




Após uma longa pausa, Lateralus foi lançado no final de 2001. A pausa forçada ocorreu devido a processos judiciais entre a banda e sua gravadora, a Volcano Records. Foi durante esse recesso de cinco anos que surgiu A Perfect Circle, o mais famoso projeto de Maynard.

A música-título de Lateralus foi concebida de acordo com a escala fibonacci, mas suspeita-se que também seja uma referência à seqüência de cores que podem ser vistas por um indivíduo sob a influência de LSD.

1. "The Grudge" – 8:36
2. "Eon Blue Apocalypse" – 1:04
3. "The Patient" – 7:13
4. "Mantra" – 1:12
5. "Schism" – 6:47
6. "Parabol" – 3:04
7. "Parabola" – 6:03
8. "Ticks & Leeches" – 8:10
9. "Lateralus" – 9:24
10. "Disposition" – 4:46
11. "Reflection" – 11:07
12. "Triad" – 8:47
13. "Faaip de Oiad" – 2:39

Muitos fãs consideram este o melhor álbum do Tool.





Em 2006 foi lançado 10.000 Days, o mais recente álbum de estúdio da banda. O título alude à mãe de Maynard, Marie, à qual dedicou as faixas Wings for Marie (pt 1) e 10.000 Days (Wings pt 2). Marie sofria de uma paralisia que a incapacitava parcialmente; o período entre a paralisia e sua morte foi de 27 anos - ou seja: 10.000 dias.

Maynard já havia escrito sobre sua mãe em álbuns anteriores.

1. "Vicarious" – 7:06
2. "Jambi" – 7:28
3. "Wings for Marie (Pt 1)" – 6:11
4. "10,000 Days (Wings Pt 2)" – 11:13
5. "The Pot" – 6:21
6. "Lipan Conjuring" – 1:11
7. "Lost Keys (Blame Hofmann)" – 3:46
8. "Rosetta Stoned" – 11:11
9. "Intension" – 7:21
10. "Right in Two" – 8:55
11. "Viginti Tres" – 5:02





(*) que, na verdade, nem é
movimento - é a liberdade total em prol do momento.
(**) em 1992, havia sido lançado o EP
Opiate.

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